CD Brasileiro


A música brasileira de concerto, sempre mereceu uma atenção especial do Quarteto Tau, que colhe os frutos desta pesquisa de repertório neste CD, Brasileiro, dedicado inteiramente a música brasileira.
Alberto Nepomuceno (1864 -1920) foi um dos compositores que plantou a semente do Nacionalismo na música brasileira. O Quarteto nº 3, escrito para quarteto de cordas (dois violinos, viola e cello) na virada do século XIX para o XX, recebeu o subtítulo Brasileiro em razão de o compositor ter se inspirado em ritmos brasileiros. Vale lembrar que, até então, não havia uma identidade nacional na música de concerto brasileira.
O quarteto de cordas é a mais clássica formação instrumental da música de câmara. Seu repertorio é considerado de extrema complexidade e a transcrição de obras desse porte, para quarteto de violões, é sempre um grande desafio, tanto pelas diferenças de tessitura, principalmente na região aguda e também com relação à intensidade sonora. O Quarteto Tau procurou ao máximo preservar a essência musical da obra, mas também se utilizou de recursos violonísticos que ajudaram a reforçar as idéias musicais do compositor.
O violonista e compositor Giacomo Bartoloni (1957) escreveu a obra Gnattaliana em 2000, originalmente para Trio de Violões. Aqui, presta uma homenagem a Radamés Gnattali (1906 - 1988), inspirando-se principalmente na harmonia gnattaliana e estruturando a peça na forma Rondó. Como Gnattali costumava utilizar temas folclóricos em algumas de suas obras, aqui também há uma citação, não de um tema folclórico propriamente dito, mas da toada paulista Tristeza do Jeca, de Angelino de Oliveira (1888 – 1964), uma homenagem do compositor ao cancioneiro popular brasileiro. Em 2003, Giacomo Bartoloni adaptou essa obra para quarteto de violões, especialmente para o Quarteto Tau.
Carmo Bartoloni (1956) é percussionista, pianista, regente, compositor e arranjador. Carrega neste Tema e Variantes, escrito especialmente para o grupo em 2003, grande expressividade e também a complexidade rítmica natural aos percussionistas. O resultado é uma peça extremamente virtuosística que se traduz em um grande desafio instrumental e camerístico.
Paulo de Tarso Salles (1966) é violonista e Doutor em Composição pela Unicamp. Em Bartók na Cozinha, obra original para quarteto de violões composta em 1999, se inspira na escrita do compositor húngaro Bela Bartók (1881 – 1945). O título é um bem-humorado trocadilho com Batuque na Cozinha, samba de Martinho da Vila, que fez parte da infância de Paulo de Tarso. Na primeira seção, o compositor aproveita as possibilidades percussivas do violão, justificando também o título da música.
Como última obra, o Quarteto Tau escolheu Radamés Gnattali, que completaria 100 anos em 2006. Seu Quarteto nº1 é, assim como o Quarteto nº3 de Nepomuceno, original para quarteto de cordas. Essa obra data de sua primeira fase de composição, na década de 1930, onde a agressividade do ainda jovem maestro gaúcho é latente. Já nessa época, era difícil separar o erudito do popular neste compositor. Em 1981, essa composição foi arranjada para quarteto de violões pelo próprio Gnattali, numa fase posterior, onde já se tornara um músico consagrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário